A Escola Profissional da Ilha de São Jorge iniciou a sua atividade no ano letivo de 1996/97, numa altura em que na Região a prioridade era ainda o alargamento do ensino secundário a todas as Ilhas. Só anos mais tarde, começou o processo de criação de Escolas Profissionais e o alargamento do ensino profissional. Nesse sentido, pode dizer-se que antecipou uma necessidade e esteve à frente do seu tempo.
Em 1996, os ventos não eram de feição para a criação de uma Escola Profissional em São Jorge, este tipo de ensino existia unicamente nas Ilhas Terceira e S. Miguel, as instituições Regionais encaravam com alguma estranheza e mesmo com condescendência esta ideia de criar numa “ilha pequena” algo que só existia nas “ilhas grandes”, duvidando da sua exequibilidade.
A Escola Profissional da Ilha de São Jorge, ainda antes de existir, teve de provar que o seu projeto tinha qualidade e que reunia as condições para funcionar, antes de começar teve de convencer os decisores conquistando o seu direito a existir.
No contexto regional, o ensino profissional estava ainda numa fase embrionária, mesmo a nível nacional era uma realidade com poucos anos, é importante relembrar que após o 25 de abril, o preconceito ideológico de que este tipo de ensino era limitador e socialmente discriminatório levou a que os cursos vocacionais e profissionalizantes e as respetivas escolas fossem extintos, a aposta foi exclusivamente no ensino regular e na sua generalização.
A generalização do ensino secundário fez-se rapidamente, só que o acesso às universidades estava fortemente restringido pelo “numerus clausus” e, no final dos anos oitenta, milhares de estudantes não encontravam colocação no ensino superior por falta de vagas nas universidades e não encontravam colocação no mercado de trabalho, por falta de formação.
Iniciou-se nessa altura e foi prosseguindo a discussão sobre a organização do ensino unicamente virada para o “saber-saber”, ganhando forma a necessidade de conjugar esse conceito com o “saber-fazer”. O ensino profissional inicia o seu processo de crescimento precisamente no contexto destas duas realidades e com esta discussão.
Foi neste contexto, passadas as peripécias iniciais, que a Escola Profissional da Ilha de São Jorge iniciou a sua ação baseada num projeto pedagógico, onde se valorizava devidamente a componente teórica enquadrada no propósito de dar aos formandos não só ferramentas de caráter científico ou pedagógico, mas também uma sólida formação prática que permitisse uma integração fácil no mercado de trabalho.
O projeto da Escola privilegiava, como áreas de formação, os setores tradicionais de atividade económica de São Jorge e das Ilhas vizinhas, dando-se primazia àqueles que se consideravam de maior potencial a curto/médio prazo, nomeadamente na produção agrícola e animal, na indústria agroalimentar e no turismo e ambiente. Vinte anos depois, constata-se que esta aposta da escola profissional deu frutos e que são estes os setores base da economia nos Açores.
Durante os primeiros anos, a Escola Profissional funcionou nas instalações do antigo Colégio Cunha da Silveira, tendo como Polo, para a parte prática, as instalações agrícolas situadas numa propriedade na Queimada. Iniciou atividade, no primeiro ano, com aproximadamente 40 alunos divididos pelos cursos de técnico de turismo ambiental e rural e técnico de indústrias agroalimentares, tendo o número de alunos e cursos subido gradualmente nos primeiros anos de funcionamento.
Um projeto com a dimensão e a importância da Escola Profissional da Ilha de São Jorge não se estabelece de forma sustentada sem o empenho e a determinação de todos os que ao longo de vários anos deram o seu melhor em prol da Instituição. Enquanto comunidade escolar, a Escola Profissional tem sido, em muitos momentos, verdadeiramente exemplar pelo empenhamento de formadores, formandos e funcionários.
Na medida em que o percurso das Instituições não se pode separar de alguns protagonistas, certas pessoas pela sua importância devem ser destacadas, Leonel Nazário Nunes, primeiro diretor pedagógico e António Silveira presidente da Câmara Municipal das Velas, sonharam e concretizaram… Hoje, 28 anos depois, um especial cumprimento aos que mantêm de pé uma Instituição deste relevo e importância para a Ilha de São Jorge.
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